Dan McCafferty

12 de out. de 2011 Postado por Fernando
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Dias atrás eu caminhava com meu cachorro em um passeio noturno pelo bairro. Eram quase 22:00h, e apesar do calor, a rua não estava muito movimentada. Passando em frente um botequim eu vi uma daquelas cenas que até poderiam passar batido por serem bem comuns em qualquer periferia, mas estava construída de um jeito que parecia ser proposital. Algo como um cenário de uma história de Jorge Amado composto cinematograficamente para um filme de Jared Hess.

Um termo define a decoração do lugar: breguinha romântico, e com direito a luz colorida (amarelo gema e vermelho). Atrás do balcão, na prateleira, uma coleção completa de todos os tipos de Catuabas do mundo e logo acima, um altar com dezenas de taças e troféus do time de futebol da vila. Até aí tudo bem, né? O curioso da cena foi que antes de eu passar em frente ao estabelecimento, eu pensei que lá estava acontecendo uma baita festa. Algumas pessoas estavam do lado de fora e bem distante já era possível ouvir a música. Bem alta mesmo. Só quando eu cheguei em frente eu pude ver que aquela pouca gente em frente o bar eram os únicos frequentadores que lá estavam. Sentados em seis cadeiras postas paralelamente em frente a fachada estavam alguns homens aparentado de 50 à 70 anos. Quietos, sisudos. Dois deles com chapéu de vaqueiro. Simplesmente sentados observando o nada, como se estivessem em uma sala de espera de dentista. Lá dentro, as mesas e o balcão vazios deixavam todo o espaço para uma imponente jukebox metálica tocando a todo vapor
“Dream On” do Nazareth.

Naquela noite eu levei pra casa as imagens daqueles rostos “em stand by”, do vazio avermelhado do boteco e a frase:

“Dream on
You can hide away
There is nothing to say, so dream on...”

Quando cheguei, dei uma olhada no Youtube para confirmar se a música era do Nazareth mesmo e descobri que a canção tem um vídeo clipe literalmente fantástico, mas que não orna
tão bem com a música quanto o povo do botequim da minha vila.


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