Julio Cortázar

26 de ago. de 2011 Postado por Fernando
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Ilustração caricaturizada de Júlio Cortázar. Clique para ampliar.

Bruxelas, 26 de agosto de 1914 – Paris, 12 de fevereiro de 1984

“Numa aldeia da Escócia vendem-se livros com uma página em branco perdida em algum lugar do volume. Se o leitor desembocar nessa página ao soarem as 3 da tarde, morre.”
- Julio Cortázar - Historias de cronópios e de famas

Alguma vez você já sentiu vontade de cantar ou mesmo chorar e não soube como fazer? Já lhe faltou informações também sobre como se comportar em um velório ou sobre como matar formigas em Roma, ou sobre como pousar um tigre?

Tal como um bichano, hora reservado e misterioso, hora astuto e selvagemente impulsivo, o escritor argentino Cortazár foi um dos mais celebrados contistas do mundo, não apenas pela notável
inteligência com que organizava as idéias de seus concisos textos, mas também pela “malandragem” que ele usava para conduzir o leitor de conto em conto, da realidade para a fantasia ou deixando vaga a idéia sobre em qual qualidade temporal suas estórias aconteciam. Algumas dessas idéias fictícias surpreendem pela criatividade surreal, mas que também conseguem manter os pés no chão do cotidiano com suas donzelas e mazelas. Em contra partida, mesmo os temas simples e corriqueiros como o esmagamento de um gota que se choca contra o chão ou o ato de dar cordas em um relógio, na perspectiva do autor (privilegiada, de cima do telhado onde os gatos dormem), tais coisas merecem ricas explanações de como acontecem ou instruções básicas de como devem ser feitas, tornando assim, sempre inesperada a experiência da leitura.

Uma famosa obra de Cortázar - Historias de cronópios e de famas – publicada em 1962, apresenta um mundo ocupado por 3 tipos de seres: os "cronópios", os "famas" e as "esperanças". Apesar da aparência das criaturas, dificilmente o leitor não se identifica com uma dessas classes, que expressam evidentemente comportamentos humanos. Dizem que os gatos não se apegam às pessoas, mas à casa onde ele e seus donos moram. Da mesma forma, mesmo tratando sobre tipos de pessoas, Cortazár escapa do foco direto nos personagens e elabora uma construção circunstancial que fala por si própria, mesmo com a completa abstração dos personagens.

Filho de pais argentinos, o escritor nasceu na Bélgica, com 4 anos mudou-se para Argentina onde viveu até os 37. De volta á Europa, em 1951 ele passou a morar na França e lá viveu seus últimos anos.


Na tumba de Cortázar, a imagem de um cronópio: “criaturas verdes e úmidas, distraídas, e sua força é a poesia. Eles cantam como as cigarras, indiferentes ao cotidiano, esquecem tudo, são atropelados, choram, perdem o que trazem nos bolsos e, quando saem em viagem, perdem o trem, chove a cântaros, levam coisas que não lhes servem. ”


Fontes: escritores.org ,
wikipedia.org , flickr.com

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